
David Fonseca
Rita Carmo
David Fonseca: “Apesar de adorar fazer versões, prefiro o karaoke, essa arte popular que nunca desilude ninguém”
12.10.2020 às 16h32
“A última coisa que quero é acabar a cantar as minhas canções numa festa de amigos”, graceja o músico de Leiria, assumindo-se fã de karaoke
David Fonseca assumiu "adorar fazer versões" mas diz que em reuniões de amigos raramente pega na guitarra porque poucas vezes memoriza "os acordes das canções dos outros". "Na realidade, só sei tocar as minhas canções. E não todas, porque são muitas", assume o artista, "e como a última coisa que quero é acabar a cantar as minhas canções numa festa de amigos, escondo as guitarras todas antes de alguém entrar em casa. Prefiro o Karaoke, essa arte popular que nunca desilude ninguém".
Num texto partilhado no seu blogue, o músico de Leiria partilha versões de 'Baby Can I Hold You' de Tracy Chapman e de 'Something Just Like This' dos Chainsmokers com os Coldplay, feitas na última semana, e explica como começou a cantar temas de outros artistas. "Não há nenhum músico na terra que tenha começado a tocar um instrumento sem primeiro aprender com aqueles que o ensinaram a ouvir. Lembro-me que quando peguei na guitarra com 16 ou 17 anos, queria aprender as canções todas dos Pixies e dos Prefab Sprout".
Assumindo que as canções dos Prefab Sprout eram muito complicadas para um "iniciante", diz que preferiu começar com "as canções punk-rock dos Pixies" na sua guitarra EKO. "Como não soava a nada do que eu pretendia, tirei-lhe as cordas de nylon e substituí-as por cordas de aço, o que acabou destruir a guitarra no espaço de 2 anos", acrescenta, "nunca usei uma palheta porque nunca ninguém me disse que era suposto. Ainda hoje não sei usar uma".
Fonseca compara ainda o prazer de fazer versões a "voltar onde já se foi feliz sem ter ninguém por cima do nosso ombro a chatear-nos com clichés derrotistas". "Há quem diga que as versões geralmente destroem os originais, mas eu acho que não há nenhum músico que não se sinta lisonjeado por ouvir as suas canções nas vozes e instrumentos de outros. Eu já fiz centenas de versões ao vivo e já gravei algumas em disco, mas é sempre um prazer quando me convidam para voltar a fazê-lo".
Relacionados
-
David Fonseca: “Vão aparecer pelo menos 20 sucedâneos da Billie Eilish. Foi o que aconteceu com os Nirvana e os Pearl Jam”
David Fonseca considera interessante o sucesso mainstream de Billie Eilish e acredita que vão surgir muitos a imitá-la nos próximos anos. "Fenómenos como este tendem realmente a formatar-se"
-
David Fonseca: “Quando eu for grande, quero ser como ele. Parabéns Sérgio [Godinho], és o maior”
Num texto no seu site oficial, David Fonseca dá os parabéns a Sérgio Godinho pelo 75º aniversário e recorda o momento em que o conheceu. “Estava nervoso. Muito nervoso”
-
David Fonseca: “A música 'mainstream' é muito formatada. Se ouço mais uma canção que começa com um piano e uma voz fininha...”
“Às vezes tenho a sensação de estar sempre a ouvir a mesma canção”, afirmou David Fonseca no podcast da BLITZ em julho, quando questionado sobre as opções musicais predominantes. No mês de 'descanso' do Posto Emissor recordamos algumas das afirmações mais marcantes dos 27 programas já emitidos
-
David Fonseca sobre Nick Cave: “Eu percebo que os tempos são diferentes e haja coisas que são apelidadas de concertos, mas não são”
Para David Fonseca, “Idiot Prayer", o filme-concerto de Nick Cave transmitido online, não é um concerto. Para ouvir no Posto Emissor
-
David Fonseca: “Quando uma pessoa se finar, o quanto se arrependerá do tempo passado a olhar para um ecrã a disputar coisas sem interesse?”
Perguntámos a David Fonseca: “Como é que tem, até agora, evitado envolver-se em polémicas nas redes sociais?”. A resposta completa no Posto Emissor
-
David Fonseca: “Se eu não conhecesse a Billie Eilish e me dissessem 'ouve, acabou de sair' eu iria classificá-la como projeto alternativo”
"A Billie Eilish consegue uma coisa raríssima. Ser ela própria num mundo muito tipificado”. Os elogios de David Fonseca para alguém que, na música atual, tem encontrado um lugar só seu. Para ouvir no Posto Emissor
-
David Fonseca: “Uma pessoa que monta um palco ou um holofote também trabalha na cultura. As pessoas à minha volta sentem este desalento”
“A Ministra da Cultura tem uma responsabilidade grande em relação a estas pessoas”, defende David Fonseca, colocando-se ao lado de todos os profissionais que, em virtude da pandemia, precisam de ajuda. Para ouvir no Posto Emissor
-
David Fonseca: “Vivemos num mundo formatado. Se ouço mais uma canção que começa com um piano e uma voz fininha...”
“Às vezes tenho a sensação de estar sempre a ouvir a mesma canção”, afirma David Fonseca, quando questionado sobre as ‘opções’ musicais predominantes nos dias de hoje. Para ouvir no Posto Emissor
-
David Fonseca: “Nunca mais vi os fãs [do início dos Silence 4]. Não era cool gostar de uma banda alternativa de que tantos gostavam”
Com um disco de raridades acabado de sair, David Fonseca recordou à BLITZ os primeiros tempos de carreira, como timoneiro dos Silence 4, uma banda cujo sucesso “hoje não seria possível”. Para ouvir no Posto Emissor
-
Posto Emissor #27. BLITZ convida David Fonseca: das ‘tampas’ que deram aos Silence 4 ao não-concerto de Nick Cave
David Fonseca é o convidado esta semana. Com um álbum de raridades e lados B acabado de sair, o músico de Leiria recorda os tempos em que os Silence 4 voaram alto, oferece uma vista panorâmica sobre o seu percurso a solo, discute as guerrilhas das redes sociais e perspectiva o papel da cultura em tempo de pandemia. O concerto 'solitário' de Nick Cave, uma entrevista exclusiva com os Metallica, a revelação Fontaines DC e o concerto dos 75 anos de Sérgio Godinho são outros temas desta edição