Stephen Morris, Peter Hook, Bernard Sumner e Ian Curtis em Hulme, Manchester, em janeiro de 1979
Kevin Cummins
Foi há 40 anos, com “Closer”, que os Joy Division compraram o bilhete para a eternidade
18.07.2020 às 9h00
“Closer”, dos Joy Division, completa 40 anos. A despedida, musicada, chegou em pleno luto pela morte de Ian Curtis, a alma torturada que os bafejou de vida
Obscura. Visceral. Hipnótica. Densa. Musculada. Intensa. Apaixonante. Adjetivo atrás de adjetivo, poderíamos tentar esgotar o espaço deste texto a debitar tudo aquilo que a música atemporal dos Joy Division significa para nós, e para as várias gerações de músicos e melómanos que se deixaram enfeitiçar por ela. Seria um esforço inglório. Não há predicados suficientes para descrever na perfeição as variações epidérmicas provocadas pelo legado musical do quarteto de Manchester. Há precisamente quatro décadas, a 18 de julho de 1980, depois de quatro intempestivos anos que mudariam para sempre o curso da música rock, chegava, às lojas de discos, “Closer”, o canto do cisne de uma banda em luto pela morte do seu líder... Ian Curtis suicidara-se dois meses antes. O derradeiro opus dos Joy Division regressa agora aos escaparates numa edição limitada — em vinil transparente de 180 gramas — como forma de celebrar o aniversário redondo, devidamente acompanhado por reedições remasterizadas dos singles que lhe apontaram o caminho: ‘Transmission’, ‘Love Will Tear Us Apart’ e ‘Atmosphere’.
Quem conhece bem o percurso do grupo, certamente saberá que nem o guitarrista/multi-instrumentista Bernard Sumner nem o baixista Peter Hook, hoje arquirrivais, ficaram, à data, muito agradados com a produção do longa-duração, assinada pelo mesmo Martin Hannett que tinha transformado “Unknown Pleasures” numa estreia explosiva. 40 anos volvidos, um álbum deste calibre carrega consigo um pesado estandarte. Basta pensarmos na quantidade de música que nunca teríamos ouvido caso Hannett tivesse descartado a abordagem mais esquelética e cerebral, recorrendo a técnicas de gravação pouco ortodoxas, para se limitar a repisar a efervescência criativa do registo anterior, que nos tinha dado ‘Disorder’, ‘She’s Lost Control’ ou ‘Shadowplay’. Claro que não teria havido “Closer” sem “Unknown Pleasures” e é uma idiotice comparar um e outro disco, mas a magia de ‘Atrocity Exhibition’, com as suas guitarras dilaceradas (e dilacerantes), e a esquizofrenia de ‘Twenty Four Hours’ acabaram por deixar no ar uma sensação de revolução interrompida.
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