
Pedro Abrunhosa
Rita Carmo
Pedro Abrunhosa: “[Cavaco] era, na sua postura, muito próximo do que tinha sido Salazar”
18.05.2020 às 16h47
Pedro Abrunhosa recorda o concerto na Costa de Caparica, no verão de 1994, que catapultou o descontentamento nacional em pleno turbilhão social ampliado pelo buzinão na ponte 25 de Abril, em Lisboa. “Nunca mais houve cargas policiais em Portugal. O povo português nunca mais aceitou ser espezinhado”. Na mira de Abrunhosa esteve sempre Cavaco Silva. Para ouvir no podcast Posto Emissor
Em conversa com a BLITZ, que pode ouvir na íntegra no mais recente episódio do podcast Posto Emissor, Pedro Abrunhosa recordou a altura, nos anos 90, em que a sua voz teve um papel de intervenção política. “Havia um culto em torno das minhas intervenções políticas porque não havia mais ninguém a fazê-las na esfera que eu representava”, considera hoje.
Particularmente fixado na sua memória está o dia 31 de agosto de 1994, em que deu com os Bandemónio um concerto na Costa de Caparica, fortemente marcado por um incentivo à rebelião. Frescos estavam episódios de violência em cargas policiais na Marinha Grande, no Porto, e sobretudo os confrontos registados na ponte 25 de Abril, em Lisboa, a 24 de junho desse ano, hoje considerados estertores do governo de então, chefiado por Cavaco Silva.
Abrunhosa afirma que “desde o dia 31 de agosto de 94 não houve cargas policiais em Portugal. O povo português nunca mais aceitou ser espezinhado”, comparando a postura do então primeiro-ministro, Cavaco Silva, à do chefe do Governo de Portugal entre 1932 e 1968. “[Cavaco Silva] era muito próximo, na sua postura, do que tinha sido António de Oliveira Salazar”, considera. “E o povo português, durante algum tempo, tolerou”.
Para ouvir a partir dos 16 minutos:
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