
Álvaro Covões
João Lima/Expresso
Vale ou devolução do dinheiro dos bilhetes? Álvaro Covões, do NOS Alive, fala sobre a proibição dos festivais de verão em 2020
07.05.2020 às 17h41
O diretor da Everything is New, promotora do NOS Alive, e representante da APEFE - Associação de Promotores de Espetáculos, Festivais e Eventos, pronunciou-se, em declarações à BLITZ, sobre a proibição dos festivais de verão em 2020 e questões de bilheteira
Álvaro Covões, diretor da Everything Is New, promotora do festival NOS Alive, respondeu a algumas questões colocadas pela BLITZ no seguimento da "proibição de realização de festivais de música, até 30 de setembro de 2020" hoje decidida pelo governo em conselho de ministros - a medida ainda terá de ser aprovada pela Assembleia da República.
"Para o NOS Alive, o que isto significa é que agora estamos suspensos à espera da Assembleia da República. Isto não é uma decisão final [mas] acredito que vá ser aprovada. Não estou a ver algum político a imiscuir-se em problemas de saúde pública", diz Covões. Quando questionado sobre a probabilidade de ter em 2021 um cartaz próximo daquele que estava anunciado para este ano, acrescenta: "nós só podemos trabalhar a partir de agora. Vamos ter de começar a trabalhar".
Sobre questões de bilheteira, e tendo em conta a decisão do governo de emitir vales "de igual valor ao preço do bilhete de ingresso pago, garantindo-se os direitos dos consumidores", no que diz respeito a eventos que deveriam realizar-se entre 28 de fevereiro e 30 de setembro deste ano, o diretor da Everything is New explica: "se for à semelhança do que foi feito em países como a Bélgica ou Alemanha, os governos em vez de obrigarem ao reembolso dos bilhetes dão um vale aos consumidores para que, até dezembro de 2021, o possam utilizar. Só não sei se é no evento se é na empresa".
"É a mesma coisa que acontece com determinados produtos que compras numa loja. Se não o queres ou não vais usar, recebes um vale para gastar, não recebes o dinheiro", acrescenta, "é como foi feito para as viagens. São medidas de proteção ao setor. Quando há uma interrupção do fluxo de caixa, como por exemplo aconteceu na TAP, que deixou de vender passagens, o que é que o governo fez?Como isto é uma situação atípica, de que a TAP não tem culpa e os consumidores também não, criou os vales, porque havia ali um risco de a empresa não ter tesouraria para fazer face a todos os compromissos, incluindo o reembolso dos bilhetes".
"Isto está a ser uma hecatombe para toda a gente, para o consumidor e para as empresas. Estas medidas de proteção vêm porque é um setor que vai estar proibido de funcionar durante muito tempo", conclui, "não estão a anunciar que os festivais podem funcionar a 50%, como estão a dizer aos restaurantes, nem que podem abrir com controlo de pessoas lá dentro, como nas lojas. Estão a dizer que os festivais não podem acontecer. Então, se não podem acontecer têm de dar alguma coisa e a única coisa que podem dar é exatamente isto: o consumidor compra um bilhete para a edição deste ano, como não podemos organizar porque eles não deixam, dão um vale que pode ser utilizado até final de 2021. É um ponto de equilíbrio".
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