
Marcos Borga
Em casa com a mulher e o filho, Pedro da Silva Martins dos Deolinda: “Daqui a dois anos sairão os melhores discos da música portuguesa”
16.03.2020 às 16h28
Nessa espécie de “pós-guerra”, depois de terminada a “tempestade perfeita que irá dar cabo da economia”, o compositor e letrista dos Deolinda acredita que vamos entrar numa espécie de “loucos anos 20”
Pedro da Silva Martins, músico e compositor dos Deolinda, conversou com a BLITZ sobre a forma como tem lidado com o isolamento social a que o Governo português apelou, como forma de combater o avanço do coronavírus.
Em casa com a mulher e o filho, de 6 anos, Pedro da Silva Martins partilha: "O meu trabalho, de momento, já é mais caseiro, mas ficar fechado em casa o dia inteiro implica muita ginástica criativa e também física".
Construir uma cabana com recurso a tripés de microfones, fazer ginástica matinal e desenhar cartazes a dizer "obrigado", para colocar na varanda - a família vive frente ao Hospital Santa Maria, em Lisboa - são alguns dos "entreténs" de Pedro da Silva Martins com o seu filho, por estes dias.
Num momento em que muitos se encontram "entrincheirados nesta batalha", o músico deixa uma nota de otimismo: "Ainda outro dia estava a falar com o Benjamim e disse: 'daqui a dois anos vão sair os melhores discos de música portuguesa, porque está tudo fechado em casa a pensar que vai morrer!'".
Nessa espécie de "pós-guerra", depois de terminada a "tempestade perfeita que irá dar cabo da economia", Pedro da Silva Martins acredita que entremos numa espécie de "loucos anos 20".
Enquanto esse momento não fecha, o artista tem aproveitado para comunicar com amigos e familiares com quem já não falava há algum tempo e já recorre a jantares de Skype para estar com o irmão (Luís José Martins, também dos Deolinda) e a cunhada, "fechados na Graça".
"Por agora, a prioridade é ficar em casa e evitar ao máximo sair", defende, esperando que, daqui por um ano, nos recordemos deste esforço como algo que valeu a pena.
A oportunidade é também apropriada para "ouvir discos clássicos" e recordar outras obras que nos marcaram, sugere.
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