
Luís Montez
Rita Carmo
Luís Montez, do MEO Sudoeste e Super Bock Super Rock: “Não estou muito preocupado com o impacto do coronavírus nos festivais”
13.03.2020 às 19h49
Luís Montez, diretor da promotora Música no Coração, dá o facto de o festival inglês Glastonbury ter anunciado o seu cartaz como razão para estar otimista quanto à vindoura época de festivais de verão em Portugal. Mas alerta: “Muitos concertos grandes vão ser adiados para o outono, apesar de ainda não se saber [publicamente]”
Luís Montez, diretor da Música no Coração, a promotora responsável por festivais como MEO Sudoeste e Super Bock Super Rock, disse à BLITZ não estar "muito preocupado" com o impacto do coronavírus no mercado dos festivais de verão em Portugal.
"Os nossos festivais acontecem em julho e agosto, espero que até lá o problema esteja estabilizado e resolvido", diz.
"Ainda hoje Glastonbury anunciou o seu cartaz, e não [é composto por] bandecas: são super bandas!", exemplificou, lembrando que foi o facto de ir a esse festival britânico, há cerca de 30 anos, em representação da Rádio Comercial, que lhe deu vontade de se dedicar à organização de festivais. "Foi quando vi aquelas pessoas de galochas, a brincar na lama e a tirar fotos, todas divertidas, que me deu na cabeça fazer isso", recordou.
Sobre o facto de grandes promotoras como a Live Nation e a AEG terem "retirado" as suas bandas da estrada, Luís Montez desvalorizou, dizendo que faz "poucos concertos", concentrando-se nos festivais, e que não é um dos parceiros, em Portugal, da Live Nation.
Acreditando que o tempo quente possa ajudar a debelar o vírus, Luís Montez afirmou ainda que, no Alentejo, onde se realiza o MEO Sudoeste, ainda não existe nenhum infetado.
Luís Montez salienta ainda que "as bandas não deixarão de vir aqui", acreditando que a maior parte dos concertos conhecerá adiamentos e não cancelamentos. "Com o concerto esgotado, o público prefere vê-lo mais à frente do que pedir o dinheiro de volta", crê, acrescentando que esta é uma boa altura para "ficar em casa a ouvir música, com mais tempo".
"Muitos concertos grandes vão ser adiados para o outono e ainda não se sabe [publicamente] que vão ser", confidenciou, apelando a que se veja o "lado positivo" deste momento: "depois da ressaca de estarmos sozinhos, vamos estar ansiosos por nos divertirmos".
Relacionados
-
Hélio Morais, dos Linda Martini e PAUS: “Os meus rendimentos advêm em 90 por cento dos concertos. Reajo com preocupação ao coronavírus”
O impacto do Covid-19 na atividade dos músicos é algo que preocupa Hélio Morais, dos Linda Martini e PAUS e também agente de bandas como Capitão Fausto. “O nosso meio é muito desprotegido”
-
Paulo Ventura, do festival EDP Vilar de Mouros: “Qualquer promotor que diga agora que vai ser assim ou assado não sabe o que está a dizer”
Responsável pela organização do EDP Vilar de Mouros defende que a data do festival ainda está "muito longe" mas entende que, até lá, tudo pode mudar. Em causa está o impacto do Covid-19 na indústria nacional da música ao vivo
-
João Carvalho, diretor do Vodafone Paredes de Coura: “Quero que o festival aconteça, mas acima de tudo quero ter as pessoas seguras”
O diretor do festival minhoto salienta a gravidade do surto de coronavírus e deixa uma mensagem de esperança e solidariedade. “Espero que em agosto olhemos para trás e pensemos num momento negro e dramático que já passou”
-
José Barreiro, do NOS Primavera Sound: “O coronavírus vai ter um impacto grande nos festivais portugueses com muito público estrangeiro”
O responsável máximo do festival NOS Primavera Sound, do Porto, revela que num ano atípico poderá haver soluções atípicas