









Katari tem duas armas: a baqueta e a caneta. E é a nova baterista de Legendary Tigerman
14.07.2020 às 16h49
Fomos conhecer Catarina Henriques, aka Katari, a nova baterista de Legendary Tigerman. “ É engraçado que os cinco [candidatos] mais interessantes tivessem sido mulheres”, diz Paulo Furtado
No final do ano passado, Legendary Tigerman punha um anúncio no "jornal" da internet:
“Legendary Tigerman procura baterista multi-instrumentista”, podia ler-se na mensagem. “De preferência do sexo feminino. Com gosto por rock'n'roll e música eletrónica”.
Apesar da interrupção causada pela pandemia de covid-19, as respostas não pararam de chegar.
“Quando pus o anúncio, houve 50 e tal pessoas que mandaram resposta e estavam interessadas em tocar bateria connosco. É engraçado que as cinco pessoas mais interessantes tivessem sido mulheres, embora também tenha havido bastantes homens a mandar vídeos”, contou à BLITZ Legendary Tigerman.
Com cada candidata, a banda de Paulo Furtado tocou - já presencialmente - cinco canções, para poder perceber “quem era a pessoa mais adequada para o projeto e cuja linguagem se encaixava na nossa linguagem e na linguagem do novo disco, que já está a ser gravado e que do ponto de vista da bateria vai ser um disco muito exigente”.
Apesar de acreditar que a audição tinha corrido bem, Catarina Henriques, mais conhecida no mundo da música como Katari, não deixou de ficar surpreendida quando soube ser a escolhida.
“O Paulo ligou-me e deu-me a boa nova”, recorda. “Mas só me apercebi que tinha sido a escolhida a páginas tantas da conversa!”, ri-se. “Fiquei um pouco surpreendida, mas parte de mim dizia que fazia sentido, porque achei que as coisas tinham corrido bem”.
Baterista também das Anarchicks, e copywriter de profissão, Katari ficou feliz “e com medo logo a seguir”. Havia decidido responder ao anúncio quando o viu na net - e o seu círculo também: “Vi o anúncio e uns 20 amigos meus identificaram-me, começou a haver logo um movimento para isso. Eu já tinha interesse, mas com essa adjuvante ainda me senti mais no caminho certo”.
Katari já conhecia as canções de Legendary Tigerman, mas agora está a descobri-las “mais aprofundadamente. E estão a crescer em mim. Estou a gostar cada vez mais delas e a senti-las como minhas”, diz. “Estou a ganhar uma visão completamente diferente. Contribuir para a música é uma outra experiência, muito mais profunda e mais bonita”.
Satisfeito com a forma como os ensaios têm corrido, Paulo Furtado acrescenta: “Há pequenas coisas que a Catarina começa a tocar de maneira diferente, e é muito fixe veres as canções a tomarem outra direção e a crescerem de maneiras que não estavas à espera. Isso vai acontecer no futuro e estamos ansiosos por ver esse crescimento, [no âmbito] dos quatro a tocar”.
“No espetáculo ao vivo, há muitas coisas muito improvisadas e essa é a parte que me dá mais pica, nos concertos. Aquela coisa do fio da navalha, de não saberes muito bem o que vai acontecer, e a Catarina entrou logo muito bem nisso. Essa foi uma das razões que nos fez acreditar que ela era a pessoa certa para o projeto”.
A partir de agora, Katari irá conciliar o papel de baterista nas Anarchicks com o de baterista de Legendary Tigerman - e a profissão de copywriter.
“A minha profissão é copywriter e sempre gostei muito de escrever. De meter as ideias no papel ou no ecrã. A minha vida divide-se pela música, neste caso pela bateria, o instrumento que escolhi, e pela escrita. Sou feliz nestes dois universos, por isso é que dividi a minha biografia dessa forma”, explica, referindo-se à descrição que tem na sua página do Instagram: “Sou pessoa batente escrita em tinta permanente. A minha arma é a baqueta mas também mato com a caneta. Baterista, escriturista, contrabandista”.
“Acho que tinha uns 20 anos quando me sentei numa bateria por piada, durante o intervalo do ensaio de uma banda que estava a ver. Comecei a desenhar um beatzinho e fui logo feliz naquela experiência. Depois o bichinho entrou e nunca mais saiu”, resume Katari, que tocou pela primeira vez ao vivo na banda de Legendary Tigerman ontem, 13 de julho, no programa Elétrico, da Antena 3 e RTP, no Capitólio, em Lisboa.
Quanto ao disco novo do Homem-Tigre, deverá sair em 2021. “Tirando alguns projetos que tenho para breve, só quero que muito rapidamente 2020 chegue ao fim”, diz Paulo Furtado, entre risos. “É riscar 2020 do calendário por tantas razões, ou se não riscarmos que seja um marco para que se mudem coisas”.
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