



















The 1975 no Super Bock Super Rock: eles só querem tudo ao mesmo tempo. E divertir-se
19.07.2019 às 1h54
A banda de Matt Healy causou reações de grande euforia junto dos seus fãs portugueses
Os gritos que antecedem a entrada dos ingleses The 1975 em palco não deixam margem para dúvidas: pelas 22h30, os rapazes que no final do ano passado lançaram um álbum de título "A Brief Inquiry Into Online Relationships" são a banda que muito boa gente quer ver, junto a uma praia já fresca da costa portuguesa.
Em palco está então um quarteto, liderado por Matt Healy e junto desde os tempos do liceu, que no seu mais recente disco pintou uma espécie de retrato estilhaçado da música popular em 2019.
Nascido no estertor dos anos 80 (veio ao mundo em abril de 1989, filho de duas figuras televisivas do Reino Unido), Matt Healy tem naturalmente uma relação com aquela década distinta daqueles que a viveram em tempo real. O próprio tem noção da ambiguidade da sua posição na música popular contemporânea: "Estamos no século XXI", diz a certa altura aos seus muitos fãs. "Temos todos noção de que, neste momento, o rock and roll é esquisito", continuou, confessando já não saber se a sua postura em palco é genuína ou apenas uma performance.
De t-shirt dos Cypress Hill, Matt Healy, acompanhado por Adam Hann, Ross MacDonald e George Daniel, bem como por duas bailarinas, deu então um espetáculo que mistura, no som e na imagem, décadas e estéticas bem diferentes.
Dentro de um retângulo luminoso que pretende representar um telemóvel gigante, os 1975 vêm de Manchester, Inglaterra, para provar que, em 2019, é possível dar um concerto como se estivéssemos num teledisco dos anos 80. Nessas viagens ('Sincerity Is Scary', 'It's Not Living (If It's Not With You'), não faltam as luzes neon, o synth pop ou o saxofone; noutras, do lado de cá da contemporaneidade, ouve-se um misto de R&B, eletrónica e rock com um toquezinho de emo -- tudo trespassado por uma energia adolescente que, convenhamos, faz sentido para quem tem tudo ao mesmo tempo.
Em 2019, bem diz Matt Healy, temos a internet e nada nos impede de brincar às viagens no tempo ao longo de uma discografia ou mesmo dentro do mesmo álbum. E é assim que 'Love Me', do anterior "I Like It When You Sleep...", faz com que as repetidas comparações aos INXS ganhem algum sentido, ao passo que 'Love It If We Made It' talvez seja o que Don Henley (ou os War on Drugs) fizessem se, em vez das autoestradas norte-americanas, tivessem pela frente os vales ingleses.
Com os ecrãs gigantes, geralmente em tons garridos, subitamente a preto e branco, 'I Always Wanna Die (Sometimes)' foi uma das últimas explosões de emoção de um concerto que terminou com o obituário de todo um estilo de vida: "Rock and roll is dead / God bless", podia ler-se no ecrã. Quem mandou a flecha foram eles.
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